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Atahualpa e a crise climática

Atahualpa Yupanqui, poeta latino-americano que versou a Terra em suas andanças poéticas, foi um mestre na belíssima “Arbol que tu olvidaste”, onde contou a história de uma solitária árvore, testemunha do mundo e cuidadora da memória.

No comovente embalo de sua obra temos a lição dada na filosofia ancestral e terrunha, onde os elementos da natureza são catedráticos do cuidado e nos ensinam, na ponta dos ventos, a escutar cada sussurro do que chamamos de vida. Uma lição que nos convoca a olhar o entorno, mas sobretudo a fantasiosa fratura que criamos entre nós e a natureza. Um relatório da ONU amplamente divulgado na COP26 no ano passado já apontou para o caráter irreversível das mudanças climáticas. Migrações em massa, escassez de recursos, racismo ambiental, poluição, crise na saúde mental da população e consequente ampliação das desigualdades etc. Tudo isso em um planeta que chegará em 2050 com 9,6 bilhões de habitantes. A criação e ampliação de novos campos de conhecimento e o avanço tecnológico serão fundamentais nesse tempos de crise, mas estabelecer relações éticas de cuidado, equidade e democracia de maneira célere será crucial na superação de barreiras históricas de desigualdade, pobreza e consequente sofrimento. Atahualpa, com herança ameríndia em cada uma de suas palavras, já cantava isso no século passado. O íntimo elo entre um ser humano e sua casa anda frágil.

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